terça-feira, 6 de julho de 2010

Parei de Escrever


Bem em frente ao computador, antes mesmo de ligá-lo, tomo a decisão de parar de escrever. O meu íntimo me diz que todas as palavras antes escritas foram perdidas no tempo e no espaço.


Uma grande tristeza invade meu coração, como que tentando me dizer, de que nada valeu a pena.

De que adiantaram os conselhos aos mais jovens embutidos em contos, para que os mesmos percebessem o rumo certo à seguir?..

Para que serviram as inúmera poesias, com palavras escolhidas à dedo, tentando demonstrar que o amor é a única saída?...

Onde estarão os meus livros, que em noites e madrugadas, suas páginas eram preenchidas vagarosamente, com frases escolhidas, tentando expressar meus sentimentos?...

Para que serviram as crônicas, simples demonstrações de repúdio aos corruptos e inescrupulosos, enfatizando a bandeira da liberdade?..

Porque ter gastado tanto tempo em vão?...

Para que serviram tantas letras, palavras, frases e diálogos?...

Todos eles demonstraram o meu interior, de um homem obstinado pelo certo, pela vida, pela paz, pelo amor, pela fé, por Deus, pela alegria, pela esperança e tão somente pelo amor...

Em cada letra há um pedaço de mim, cada palavra escrita carrega o meu estado de espírito, cada frase formulada demonstra o meu ser e, cada diálogo transcrito um pouco da minha voz.

De que adiantaram as minhas tantas e diferentes experiências, em conseguir enfrentar a vida, se elas nem ao menos serviram de direção para alguns?..

De que adiantaram as rugas que agora carrego como um troféu, em ter conseguido vencer a mesquinharia de tantas pessoas, levantando a bandeira da paz e do amor?...

De que adiantaram os poucos cabelos que me restam, que agora esbranquiçados pelo tempo, revelam a idade da sapiência e da sabedoria?..

De que me serve a pele um pouco enrugada, na mais pura demonstração dos dias ensolarados enfrentados com força e coragem?..

De que adianta saber um pouco de tudo, vivenciado ano após ano, se muitos não tem mais tempo sequer para me ouvirem?...

Tristes ais, sofrimento demais!...

Parei de escrever...

Parei...

Pa...

Não!.. Não consigo!.. Nunca conseguirei!..

Escrever é minha vida...

Porque somos iguais, em quase nada, ou em quase tudo...

Porque choramos, sorrimos, ficamos tristes, fazemos planos, viajamos na imaginação, sonhamos...

Cada um de sua maneira...

E eu simplesmente escrevendo...

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